ArgLabCultureLab • Curso

Cursos de Ano Novo

Inscrições abertas

Encontram-se abertas as inscrições para os Cursos de Ano Novo. Todos os cursos são de admissão livre e acontecem exclusivamente online. As inscrições são feitas através da plataforma InforEstudante.

 

Mais informações aqui e aqui.

Autonomia em Bioética: significado e contingências

16 jan – 10 fev
Segundas, quartas e sextas-feiras | 18h00 – 20h00
(exceção: dia 16 de janeiro das 18h00 às 21h00)

 

Docentes: Marta Dias Barcelos & Marta Mendonça

 

A autonomia é um conceito cuja relevância não parou de crescer desde o surgimento da bioética nos anos 70 do século passado. Um indicador da sua importância é a profunda alteração a que ele deu origem na relação entre médico e doente: a relação passou a estar marcada por um papel cada vez mais ativo do doente e conduziu ao abandono quase completo do paternalismo, que era, no entanto, uma prática milenar em medicina. Não obstante o reconhecimento da autonomia como um princípio e um direito, a crise pandémica veio relembrar que há limites ao seu exercício, nomeadamente quando a saúde global está posta em causa. Qual é, então, a natureza dos critérios que subjaz aos limites da autonomia? Este curso aborda a problemática da autonomia, explorando a sua conceção em vários modelos teóricos da bioética e a sua operacionalização em situações práticas da atualidade.


  • A ideia de autonomia na bioética e no biodireito;
  • O princípio de autonomia na bioética principialista;
  • “Secundarização” da autonomia na bioética do direito natural;
  • Autonomia individual num mundo sem consensos;
  • Autonomia, pandemia e saúde global;
  • Autonomia nos documentos internacionais.

 

+ info

Experiência, linguagem e história: uma introdução ao pensamento de Walter Benjamin

16 jan – 10 fev
Segundas e quintas-feiras | 17h00 – 20h00
(exceções: não há aula no dia 23 de janeiro, mas sim no dia 24 de janeiro das 17h00 às 20h00; dias 9 e 10 de fevereiro das 17h00 às 19h00)

 

Docente: Nélio Conceição

 

A obra filosófica de Walter Benjamin, complexa e multiforme, presta-se a várias entradas e leituras, o que constitui um desafio, não só para quem com ela se confronta pela primeira vez, mas também para quem procura aprofundá-la. Percorrendo um itinerário por temas-chave dessa obra, o curso visa fornecer ferramentas para enfrentar esse desafio. Combinando comentário de textos e momentos de exposição e discussão, pretende dar uma visão ampla e introdutória, mas sustentada pelo estudo aprofundado de três temas/conceitos: experiência, linguagem e história. Estes estão na base da estrutura tripartida do curso. O ponto de partida será o texto “Experiência e pobreza”, o qual permite abordar o conceito de experiência em dois sentidos. Por um lado, como elemento fundamental da leitura que Benjamin faz da Modernidade, ao nível filosófico e histórico-cultural, ressaltando os seus aspetos destrutivos e construtivos. Por outro lado, como parte integrante de um questionamento (em diálogo com e rejeição de pressupostos kantianos) que visa repensar a experiência e o conhecimento fora do âmbito estrito do modelo matemático-científico e de uma relação abstrata entre sujeito e objeto – questionamento que encontra no tema da linguagem um dos seus prolongamentos maiores.


A segunda parte incidirá sobre os textos “Sobre a linguagem em geral e sobre a linguagem humana” e “Sobre a faculdade mimética”, visando aprofundar a questão da linguagem segundo duas matrizes teóricas fundamentais, uma mais próxima da teologia e outra mais próxima da mimese – ligando-se esta última à perceção e a formas de leitura que implicam noções como imagem e constelação. No seu conjunto, as duas matrizes permitirão esclarecer o lugar singular que o pensamento de Benjamin ocupa na reflexão sobre a linguagem, à qual se dedicaram vários filósofos no princípio do século XX, desde Heidegger a Wittgenstein.


A terceira parte começará por uma análise das três secções iniciais do texto “Eduard Fuchs, colecionador e historiador”, as quais contêm algumas das formulações mais esclarecedoras acerca da concepção benjaminiana do materialismo dialético. Nessas páginas, que são uma crítica feroz ao historicismo, à noção de progresso e ao modo como a técnica fora pensada pelo séc. XIX, encontra-se ainda a primeira ocorrência de uma fórmula que se tornou célebre: “não há documento de cultura que não seja também documento de barbárie”. Abrindo-se para o carácter messiânico do pensamento de Benjamin e para a tarefa da redenção dos sem-nome, esta fórmula permitirá concluir o curso com uma aproximação a temas contemporâneos e aos “modos de usar” o passado, recuperando-se aqui o título certeiro de Enzo Traverso. Assim serão analisados alguns núcleos temáticos que têm marcado a recepção do pensamento benjaminiano, não apenas no contexto filosófico da estética, da filosofia da cultura ou na filosofia da história, mas também no contexto de outras disciplinas que de diferentes formas nele se inspiram.

 

+ info