CineLab • Seminário

Ingrid Rodrigues Gonçalves

Grafias documentais autobiográficas e audiovisualização da vida: articulações entre o ‘eu’ e o ‘nós’ para pensar a educação

Na quarta-feira, dia 30 de outubro, Ingrid Rodrigues Gonçalves, aluna de Doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), apresentará o seu trabalho de investigação “Grafias documentais autobiográficas e audiovisualização da vida: articulações entre o ‘eu’ e o ‘nós’ para pensar a educação”. O seminário será conduzido em português.

Resumo

A problemática desse projeto de tese articula os campos da educação, do audiovisual e dos arquivos. Na contemporaneidade, os processos de digitalização amplificaram as possibilidades de produzir e arquivar textos, imagens e sons para realizar inúmeras tarefas cotidianas. O entrecruzamento entre grafias autobiográficas e o movimento de audiovisualização da vida (Gonçalves, 2020), diz respeito a ocorrências cotidianas, comuns e intrínsecas aos modos de vida contemporâneos, em especial nas ambiências urbanas. No contexto educacional, a abordagem dessa problemática se dá em dois sentidos inter-relacionados: o primeiro vinculado à educação escolar; e, o segundo, relacionado à sociedade da aprendizagem, ou seja, à aprendizagem ostensiva na qual estamos todos e todas imersos, sobretudo no contexto contemporâneo. Temos constatado como tais ferramentas tecnológicas de produção, arquivamento e compartilhamento de grafias, produzem efeitos concretos em nós. Argumentamos que o crescimento do interesse pelas narrativas audiovisuais autobiográficas está ligado, em grande medida, ao amplo acesso imagético promovido pelos processos de digitalização, o que desencadeia um processo educativo, bem como uma mirada que parte de uma esfera íntima e produz efeitos coletivos, através da circulação dessas imagens. O objetivo desta pesquisa circunscreve-se em analisar um conjunto de documentários autobiográficos pensando a partir dos movimentos empreendidos para sua realização, a fim de tensionar dois paradoxos imbricados na tessitura dessa linguagem: as articulações entre o “eu” e o “nós”, e, o duplo desejo de sobrevivência (dos suportes e dos gestos). Ancorados em um referencial teórico que articula as temáticas da pesquisa, buscamos pensar relações entre a ampla produção e circulação de imagens de nossos dias, os processos de digitalização da vida e como tal movimento repercute no tecido social, educando-nos a todos e todas. Para pensar tal problemática, nos termos desse projeto de tese, lançamos mão de dois conjuntos de discussões. O primeiro é composto por uma análise bibliográfica realizada a partir de 26 artigos publicados entre 2007 e 2022 em periódicos com Qualis-CAPES entre A1 e B1 (quadriênio 2017-2020), selecionados a partir da palavra-chave “autobiographical documentary”, com a utilização das aspas para restringir os resultados de busca. O segundo, está sendo organizado a partir de documentários autobiográficos, selecionados, em um primeiro momento, tendo como critério o modo de fazer dos realizadores, ao articularem o uso e a produção de arquivos de suas próprias vidas para pensar suas trajetórias, a exemplo dos longas-metragens: ‘Babenco – alguém tem que ouvir o coração e dizer: parou’, de Barbara Paz (2020); ‘Elena’, de Petra Costa (2012); ‘Boogie woogie daddy’, de Erik Bäfving (2002); ‘Silverlake life: the view from here’, de Tom Joslin e Peter Friedman (1993); ‘Corpo: sua autobiografia’, de Cibele Appes (2020); ‘As praias de Agnès’, de Agnès Varda (2008); ‘No intenso agora’, de João Moreira Salles (2017); dentre outros. A partir desse segundo conjunto fílmico, propomos alguns movimentos para pensar os processos de produção desses filmes, articulando nosso referencial temático e teórico, bem como desdobramentos na cultura.

Financiado pela União Europeia (ERC, FILM AND DEATH, 101088956). Os pontos de vista e opiniões expressos são, no entanto, apenas do(s) autor(es) e não refletem necessariamente os da União Europeia ou da Agência Executiva do Conselho Europeu de Investigação. Nem a União Europeia nem a autoridade concedente podem ser responsabilizadas por eles.