CultureLab • Ciclo temático

João Oliveira Duarte

Leituras críticas sobre a experiência da cidade – 5.ª sessão
Resumo
João Oliveira Duarte
A poesia sobrevivente. António Franco Alexandre e a cidade

A poesia de António Franco Alexandre surge numa configuração temporal bastante interessante: depois de uma dimensão pretensamente mais reflexiva da palavra poética que se encontrava presente na “geração” anterior, é para a cidade, para os seus lugares, para as suas imagens e linguagem, que a “geração do cartucho” – a expressão é equívoca e merece ser interrogada – se volta. Com particular presença nos primeiros livros que publica (Sem Palavras nem Coisas e Os Objectos Principais), a “questão urbana”, título, aliás, de um poema seu de Os Objectos Principais, encontra-se presente em praticamente todos os momentos desta obra e tem de ser articulada com uma outra dimensão dela: o facto de à poesia restar apenas – não como última vocação, certamente – a possibilidade de dar conta das palavras “inúteis, inexactas e obscuras” que, em última análise, são as dela.