A Parte Maldita Brasileira
À literatura cabe a tarefa de guardar os restos, as sobras, os estilhaços, os entulhos, para compor um inesgotável abrigo simbólico onde cabe tudo que se perde na vida humana, incluindo o que se joga no lixo, o que falta e até mesmo o que não existe. Ao reunir neste volume os ensaios que marcam sua notável trajetória de crítica literária, Eliane Robert Moraes se inspira nas concepções de Georges Bataille em torno da falta e dos excessos para ler a erótica brasileira de fins do século XIX até os nossos dias. Com os olhos voltados para autores tão variados quanto Machado de Assis, Hilda Hilst, Nelson Rodrigues, Roberto Piva ou Reinaldo Moraes, a ensaísta nos convida a conhecer zonas menos frequentadas da nossa parte maldita – e até desconhecidas. Desse percurso tão original quanto rigoroso resulta uma contribuição definitiva para o reconhecimento do lugar do erotismo no cânone literário brasileiro.
A Parte Maldita Brasileira, de Eliane Robert Moraes, é um dos primeiros volumes da coleção de livros “Ensaio Aberto”, resultado da parceria entre a NOVA FCSH e a PUC-Rio.
Coleção Ensaio Aberto
Na tradição ocidental, deu‑se por certa a separação entre Filosofia e Literatura, tendo‑se como consequência um entendimento histórico que cindia, de um lado, a mente, a reflexão ou a razão, e, de outro lado, o corpo, a criação ou a emoção. Perdia‑se, assim, a possibilidade de um conhecimento que, em vez de separar, aproximasse Filosofia e Literatura, perguntando‑se: mas escritores não filosofam, e filósofos não escrevem? Os Ensaios Abertos desta colecção surgiram da vontade de explorar como, apesar da conhecida crítica metafísica que a Filosofia dirigiu à Literatura, elas não cessaram de se aproximar.