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Soberania Popular: Estudos sobre a ideia de um poder absoluto e intemporal

“Este livro trata da soberania e do povo, dois temas axiais no pensamento político da Modernidade. A sua pertinência tem sido recorrentemente questionada, em particular a da soberania, considerada por muitos, ainda há não muito tempo, um anacronismo. Atendendo, porém, às convulsões a que presentemente se assiste no domínio geopolítico, tal conclusão afigura‐se, no mínimo, precipitada. Iremos, por isso, focar‐nos naquele que julgamos ser o ponto nevrálgico da questão, a saber, aquilo que faz do povo e da soberania duas noções cuja inteligibilidade é problemática. […] Analisaremos quer a soberania quer o povo, na relação ambígua que ambos mantêm com as noções de tempo e de vontade, e bem assim a forma como essa ambiguidade, que lhes é imanente, renasce em cada uma das suas configurações políticas.” (Da Introdução)


Este volume reúne alguns dos textos dispersos de Diogo Pires Aurélio sobre um dos conceitos que mais o inquietou ao longo das últimas décadas: o de soberania, sobretudo na tensão que gera com a democracia enquanto lugar em que qualquer justificação do poder político depende do povo como fundamento último. Em tempos em que a própria ideia de soberania é posta em causa enquanto referente ao poder estadual, falando-se até de uma época de pós-soberania, é altura de questionar se a soberania popular se mantém como conceito teoricamente consistente e como operador viável de organização e justificação da política no seu prolongamento para o futuro indefinido.


A reflexão de Diogo Pires Aurélio em torno da temporalidade da soberania popular integra-se no seu trabalho ao abrigo do projeto de investigação “Democracia Presente Para Gerações Futuras” (PTDC/FER-FIL/6088/2020), financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e desenvolvido no âmbito do Laboratório de Ética e Política do IFILNOVA (Instituto de Filosofia da NOVA), sob a coordenação de André Santos Campos.