CineLab • Seminário Permanente

Film as Philosophy

Diana Neiva

A questão de saber se os filmes podem filosofar, ou o debate em torno do tema do cinema como filosofia, “film as philosophy” (FAP) é cada vez mais debatida, tendo havido uma progressiva evolução e aceitação desta possibilidade por parte de filósofos anglo-americanos. Esta questão relaciona-se com o tema mais abrangente dos poderes cognitivos das artes. Porém, enquanto uma forma de arte com características únicas e de fácil acesso pelas massas, o cinema torna-se o protagonista. Para filósofos como Thomas Wartenberg ou Noël Carroll, defensores de FAP, isso ocorre não porque o cinema possui algum tipo de relação intrínseca com a filosofia, mas porque possui características que tornam essa ligação, não só diferente relativamente à da literatura com a filosofia, como uma ligação singular e interessante. Uma das características que filmes e obras de literatura comungam com uma das actividades praticadas por filósofos, desde tempos antigos até à actualidade, é a possibilidade da sua forma na ficção narrativa. Em filosofia essa forma é tomada pelas experiências mentais. O facto de filósofos fazerem experiências mentais tem sido utilizado como resposta a objecções colocadas a FAP. Mas a possibilidade da existência de filmes como experiências mentais filosóficas também pode e deve ser pensada de uma pela qual o cinema filosofa de forma única e, possivelmente, com algumas vantagens em relação às experiências mentais usadas em filosofia de forma tradicional, i.e., em textos filosóficos ou aulas. Sem colocar de lado outras possibilidades de cinema como filosofia, nesta apresentação, exporei os argumentos bem como os exemplos de filmes colocados por Thomas Wartenberg, David Davies e Tom McClelland a favor da ideia de filmes como experiências mentais filosóficas, bem como estudar detalhadamente como os filmes filosofam através desta forma de modo distintamente cinematográfico – confiando nas particularidades do seu medium que o diferenciam de outras possíveis experiências mentais artísticas.

 

Diana Neiva é estudante de Doutoramento em Filosofia na Universidade do Minho, bolseira FCT com o projecto doutoral “Film as Philosophy: philosophizing through cinematic thought experiments” orientado por Vítor Moura, Susana Viegas e Tom McClelland. Obteve o seu grau de mestrado em Filosofia Contemporânea na Universidade do Porto, com uma dissertação sobre cinema como filosofia e metafilosofia, orientada por Sofia Miguens e Thomas Wartenberg. Publicações recentes incluem: “Can films philosophize? The rationality and the imposition objections” em Dialectic Journal, “Can Films Philosophize?” Review of Current Controversies in Philosophy of Film, em American Society of Aesthetics Graduate E-Journal, e Philosophy and Films: Bridging Divides a publicar pela Routledge, co-editado com Christina Rawls e Steven S. Gouveia.