Geração como princípio do mundo no “Timeu” de Platão
No início de sua cosmologia, Timeu estabelece dois princípios: o que é e nunca deixa de ser, o que se gera e nunca é algo. Esta conferência pretende analisar o segundo deles, denominado geração para mostrar como a construção do mundo como algo que é gerado, mas permanece sendo algo, nunca elimina o processo de fluxo contínuo implicado na geração. Para tanto, dedico-me à segunda parte do argumento de Timeu, devotada à questão da “anankê”, com particular atenção à realidade pré-cósmica. Meu primeiro ponto é mostrar que esta última consiste em poderes que interagem horizontalmente e que são primitivos metafísicos — causas primeiras não causadas. Em seguida, mostro que eles são agentes causais da lei do deslocamento dos corpos, ou seja, a sua tendência natural a se mover em direção aos seus semelhantes. Parte desta prova consiste em mostrar que essa tendência não é projetada pelo demiurgo.
Evento financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito do projeto UIDB/00183/2020 e UIDP/00183/2020.