CultureLab • Ciclo temático

Graeme Gilloch e Inês Sapeta Dias

Leituras críticas sobre a experiência da cidade – Sessão Especial

Double Bill: A propósito de Londres

Programa
10:00 – 13:00
Graeme Gilloch (Lancaster University, UK), “A propósito de Londres: 'sinfonias urbanas' e 'passeios poéticos'”

(Sala 0.06, Edifício I&D)
15:00 – 18:00
Visionamento de London de Patrick Keiller (1994)

Apresentação de Inês Sapeta Dias (Arquivo Municipal de Lisboa - Videoteca), "Ruínas e fragmentos na Lisboa do cinema português dos anos 90"

Discussão com Graeme Gilloch e Maria Filomena Molder

(Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca)
Resumo
Graeme Gilloch

O aclamado documentário a preto e branco de Alex Barrett, London Symphony: A Poetic Journey through the Life of a City (2017) dá-nos a oportunidade de fazer uma exploração crítica e de reconsiderar o género da sinfonia urbana, tal como foi inaugurado nos anos 20 pelo filme modernista de Walter Ruttmann, Berlin-Sinfonie einer Großstadt (1927). Situando o filme de Barrett em três contextos chave – como parte de um género histórico-cinematográfico particular; como um dos inúmeros filmes ‘London’ que retratam a capital; e, de forma mais lata, como um retrato oportuno desta metrópole global típica do século XXI – o capítulo analisa como é que esta homenagem cinematográfica exemplifica tanto os méritos estéticos como os defeitos políticos da ideia de uma sinfonia urbana. Com este propósito, baseio-me no mais perspicaz e inspirado crítico de Ruttmann – Siegfried Kracauer – para avaliar e interrogar este autoproclamado “passeio poético” de um homem com uma câmara de filmar digital pela metrópole contemporânea.

Inês Sapeta Dias

“Disse que Londres era agora uma cidade de fragmentos que não estavam já organizados à volta de um centro e que se viéssemos a encontrar a modernidade nalgum sítio, seria nos subúrbios. E foi assim que regressámos ao vale do rio Brent.”
Esta apresentação terá duas partes. Numa primeira, e logo a seguir ao visionamento de London, de Patrick Keiller (1994), seguiremos as noções de fragmento e ruína tal como são jogadas nesse filme (que é uma cartografia guiada por citações, de que se retirou a citação cima). Numa segunda parte a proposta é a de abordar os modos pelos quais os mesmos temas – ruína e fragmento – se jogam em Lisboa tal como é tratada pelo cinema português, sobretudo nos (mesmos) anos 90: desde a inclusão, literal, das ruínas do Chiado na textura de alguns filmes como Três Palmeiras (João Botelho, 1994) ou Recordações da Casa Amarela (João César Monteiro, 1989); até à ruína como a imagem de uma certa experiência de cidade – experiência irreconciliavelmente fragmentada que em filmes como Os Mutantes (Teresa Villaverde, 1998) culmina numa expulsão das personagens para fora do centro (da cidade e do plano).