O que é o Arquivo? Laboratório 3: cidade / arquivo
Dando continuidade ao debate já iniciado no ciclo O QUE É O ARQUIVO?, nomeadamente em torno da definição contemporânea de Arquivo, o terceiro e último Laboratório concentra-se no encontro entre Cidade e Arquivo.
A proposta deste Laboratório surge do confronto com uma zona da cidade de Lisboa em intensa transformação, Marvila, onde parece ser particularmente premente levantar questões sobre o Arquivo. Trata-se de um território amplo, complexo e heterogéneo, dificilmente agregável numa unidade, que reúne vários bairros atravessados por vias rápidas que os tornam ilhas. É também uma área social e topograficamente sensível, onde um passado rural e industrial, visível enquanto ruína, convive com a construção de bairros sociais ou com uma recente renovação das atividades económicas, acompanhada por uma alteração no tecido social da população e uma progressiva valorização imobiliária.
A noção de Arquivo continuará a ser problematizada na sua dimensão mais ampla, extravasando limites institucionais ou patrimoniais, mas desta vez esse questionamento será feito a partir da importância do Arquivo para a construção de um lugar (espaço habitado). Pensar a cidade como Arquivo levanta desde logo questões relativas à memória (e ao esquecimento) dos lugares, à ausência de arquivo e ao modo como essa ausência pode definir um território. Pensar a cidade a partir do Arquivo também suscita questões relativas ao controlo do arquivo pelas instituições públicas e privadas e à relação com o tempo histórico, à criação de expectativas e à museificação do espaço. Questões que se têm tornado incontornáveis em várias cidades e, em particular, em Lisboa.
Brasília: contradições de uma cidade nova, Joaquim Pedro de Andrade, 1967, 22’
Pé na terra, João Vladimiro, 2006, 20’
Fire child, Gordon Matta-Clark, 1971, 10’
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