13/03/2023
A Casa do Cinema Manoel de Oliveira apresenta um ciclo de exposições intitulado Manoel de Oliveira e o Cinema Português, do qual a exposição A Bem da Nação (1929-1969) é o seu momento inaugural. A exposição é organizada pela Fundação de Serralves, com curadoria de António Preto e João Mário Grilo. O trabalho de pesquisa foi desenvolvido em colaboração com uma equipa de investigadoras do CineLab/IFILNOVA, e a cronologia do cinema português (1920-1971) contou com a contribuição da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema.
A exposição A Bem da Nação (1929-1969) será inaugurada esta quinta-feira, dia 16 de março, e pode ser visitada até dia 17 de setembro de 2023.
Com o objetivo de dar a conhecer o arquivo do realizador, elaborado ao longo de mais de oitenta anos de trabalho e integralmente depositado em Serralves, esta exposição coloca a hipótese de que toda esta documentação possa ser encarada como parte significativa da obra do realizador. É justamente esta consciência de cineasta total que impeliu Manoel de Oliveira a constituir este arquivo, sendo ele um extraordinário legado que muito fará pelo esclarecimento da sua personalidade de cineasta e artista, dos seus métodos de trabalho e da evolução do seu posicionamento face ao cinema e, em especial, ao cinema português.
Sob o título A Bem da Nação, expressão bem conhecida do fascismo português e plasmada em centenas de documentos oficiais mais ou menos coercivos de que Manoel de Oliveira foi destinatário – como milhões de portugueses – ao longo de todo este período, esta exposição apresenta, pela primeira vez, a totalidade do arquivo do realizador, focando-se particularmente nos primeiros 40 anos da sua atividade.
A abertura do arquivo tem como pano de fundo o cinema português desse mesmo período. Esta panorâmica forçosamente lacunar através dos factos, figuras e filmes que, nessas quatro décadas, marcaram a produção cinematográfica nacional, organiza-se cronologicamente numa linha do tempo, contra a qual a obra de Manoel de Oliveira se recorta.
Pretende-se, assim, aceder à intimidade dos processos criativos do realizador, reavaliando as suas dúvidas e as suas convicções, as persistências e inversões de percurso que fazem dele um dos artistas mais irreverentemente invetivos dos últimos cem anos. Tratando-se de desarquivar o arquivo, de ouvir o que ele nos diz e de mostrar o que ele nos mostra, esta exposição é tanto um estaleiro como uma chamada de trabalhos, um work in progress.
No âmbito da exposição, a Casa do Cinema Manoel de Oliveira apresenta também o ciclo de cinema Domingos na Casa do Cinema: Manoel de Oliveira e o Cinema Português 1.