O projeto analisa o modo como o desacordo político é tratado discursivamente: que estratégias são usadas e que implicações sociopolíticas tais estratégias têm. O ponto de partida é a ideia de que reconhecer o desacordo e envolver-se com ele é indispensável para a política —  política entendida, neste contexto, como fazer escolhas entre alternativas (Beck 1994, Carver & Hyvärinen 1997, Mouffe 2005, Muntigl 2002). Assim, o modo como as divergências políticas são tratadas pode ter sérias implicações na qualidade das práticas políticas. Para que as decisões políticas sejam tomadas de acordo com a “força do melhor argumento” (Habermas 1984), é necessário reconhecer o desacordo como legítimo e comprometer-se com ele. Caso contrário, a argumentação —  a troca de razões desencadeada pela discórdia (Jackson & Jacobs 1980, Lewinski & Mohammed 2016) não pode sequer começar.

A recusa da argumentação assume várias formas, muitas das quais (por exemplo, despolitização da austeridade, populismo) são bastante familiares no mundo de hoje. Com o objetivo de obter novos insights sobre o tratamento discursivo do desacordo político e as suas implicações, o projeto examina os argumentos políticos públicos numa variedade de contextos nacionais onde o desacordo foi limitado e a argumentação inibida: pela despolitização (por exemplo, Portugal, Espanha e Grécia) e pelo populismo (por exemplo, Holanda, França, Suíça, Dinamarca, Espanha, Grécia, Reino Unido e EUA). A análise mapeia as estratégias que gerem o desacordo sobre as ações políticas e os valores subjacentes e identifica as características específicas das várias estratégias, destacando um núcleo crucial comum a vários fenómenos que enfraquecem os cidadãos e ameaçam a democracia representativa inclusiva.

Instituições parceiras:

• Centre national de la recherche scientifique (CNRS), France
• Instituto Universitário De Lisboa (ISCTE-IUL), Portugal
• Københavns Universitet, Denmark
• Loughborough University, the United Kingdom
• Universidad de Granada, Spain
• University of Illinois at Urbana-Champaign, USA
• Universiteit Leiden, the Netherlands
• Université de Neuchâtel, Switzerland