Convidamos à submissão de resumos para a conferência Razão Pública e Diferença, que terá lugar em Lisboa no IFILNOVA, NOVA FCSH (Universidade NOVA de Lisboa), nos dias 21 e 22 de Março de 2024.
Oradores Convidados:
- Christie Hartley (Georgia State University)
- Ryan Muldoon (University at Buffalo)
O debate sobre a razão pública parece dividir-se fundamentalmente sobre a questão de como lidar com a discordância e sobre os diferentes entendimentos de justificação pública. Existe, assim, uma questão central que parece não ter resposta: como é que as diferentes teorias da razão pública conseguem resolver o problema da discordância entre indivíduos ao mesmo tempo que salientam a importância normativa (tanto prática como epistémica) da diferença (ou seja, daquilo que dá azo à discordância e a diversos pontos de vista). Esta dúvida advém do facto de, por um lado, a perspetiva do consenso ser acusada de ser excludente e não democrática; por outro lado, apesar da perspetiva da convergência prestar mais atenção à diversidade, esta não parece dar prioridade à deliberação pública — na perspetiva da convergência, a diferença não é necessariamente um recurso ao serviço da justificação das razões que cada pessoa apresenta aos seus concidadãos.
Sumariamente, é pouco claro de que modo os diferentes lados do debate poderão incorporar a diferença na ideia e no processo de justificação pública. Ou seja, ambas as perspetivas não parecem conseguir identificar a diferença como um recurso para melhorar a deliberação, a justificação pública e as tomadas de decisão sobre aquilo que devemos fazer coletivamente. Assim, pretende-se discutir algumas das seguintes questões, durante a conferência:
- Será que as teorias de razão pública atuais conseguem solucionar o problema de como alcançar um acordo, no contexto de profundo desacordo e pluralidade de pontos de vista?
- Podemos aceitar teorias da razão pública que não partilhem um entendimento de justificação pública definida em termos de deliberação pública?
- Devemos abandonar o debate entre as perspetivas do consenso e da convergência?
- Existem alternativas superiores à perspetiva do consenso e/ou à perspetiva da convergência?
- Será que as teorias da razão pública atuais conseguem identificar a diferença como um recurso (prático e/ou epistémico)?
- De modo a usar a diferença como recurso, será necessário desenvolver um entendimento alternativo da razão pública que não pressuponha um enquadramento teórico de cariz liberal?
- No contexto da razão pública, qual deverá ser o papel da deliberação pública para aceder ao valor epistémico da diferença?
Pedimos que enviem resumos anónimos, em inglês, até ao dia 22 de dezembro de 2023 (prazo prolongado). Os resumos não deverão ter mais de 750 palavras e devem responder às questões acima mencionadas (ou outras questões relacionadas com estes temas). Para esclarecimento de dúvidas e para o envio de resumos, por favor contacte Diogo Carneiro (diogocarneiro@fcsh.unl.pt).