Bartholomew Ryan e Gianfranco Ferraro
James Joyce cunhou a palavra ‘chaosmos’, que incorpora a visão colidida e caleidoscópica (‘collideorscape’) da fragmentação e reconfiguração na obra do artista. Faremos uma viagem através de cidades, ruínas, traições, da vida nómada e da “epopeia do corpo humano” em direcção a uma perspectiva e arte da vida, a que chamo Caosmopolitismo.
No momento da catástrofe, uma forma de vida, e ainda mais uma forma de vida urbana, descobre-se nua. Ao longo da história, a catástrofe urbana constituiu um momento crucial de reconsideração da relação entre natureza e construção humana. Ao mesmo tempo, a irrupção da catástrofe na história urbana inaugurou a possibilidade de novas formas de vida, e bem assim a imaginação de utopias e distopias através das quais se reconfigura a vida e a forma da cidade. Através de alguns exemplos (Lisboa, Messina, Gibellina) de catástrofes “naturais” e de alguns exemplos de catástrofes “humanas”, esta apresentação tentará abordar como a filosofia, enquanto maneira de viver e prática de reconfiguração, atravessou historicamente e continua a atravessar o “lugar” esvaziado, quer pelas catástrofes, quer pelas mudanças contemporâneas da vida urbana, tornando-o um novo topos vivente.
Imagem: Constantin Brancusi, Portrait of James Joyce, 1929