X-Centric Futures – Debate #1
Na primeira sessão de debates do X-Centric Futures nas Carpintarias de São Lázaro, o coletivo Claire Fontaine apresenta o seu Método de Materialismo Mágico, desenvolvido para reagrupar um conjunto de competências que foram desacreditadas por razões políticas. É um materialismo que deriva do feminismo, e o seu principal objetivo é restaurar a subjetividade dessas criaturas que foram objetivadas pelo patriarcado – mulheres, pessoas não conformes com o género, pessoas racializadas, crianças, e o mundo natural. O método de Claire Fontaine valoriza o trabalho reprodutivo tanto quanto o produtivo, vê a reprodução como uma recriação da própria subjetividade e do espaço de relação coletiva, vê o corpo não como um mecanismo explorável mas como um local de potencial revolucionário e um campo de batalha.
O Programa de Debates Mensais X-Centric Futures é uma colaboração entre o seminário de investigação X-Centric Futures do CultureLab do IFILNOVA, financiado por fundos nacionais através da Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do projeto UIDB/00183/2020, e o Centro Cultural Carpintarias de São Lázaro.
Neste esforço colaborativo pretende-se mudar a perceção geral instalada de que o futuro é uma era inescapável e ameaçadora recheada de perturbações sociais e catástrofes ecológicas. Procura-se desenvolver práticas críticas rigorosas e criar uma plataforma aberta para um diálogo entre diferentes perspetivas na redefinição do pensamento crítico numa era planetária. Ao longo do programa de debates partimos do pressuposto de que não há uma humanidade a vir, mas sim uma multidão de diferentes humanidades com diferentes futuros e diferentes passados, cuja exploração implica o desenvolvimento de novos quadros teóricos e práticos e categorias.
Reserve o seu lugar: reservas@csl-lisboa.pt.
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Nós acreditamos que existe um vácuo filosófico no tema da futuridade, além do que é imaginado como uma visualização de dados que conduz à tomada de decisões por parte de organismos empresariais, administrativos ou políticos. De certa forma, é como se a filosofia tivesse abdicado da sua função e delegado aos think tanks corporativos globais, a responsabilidade de formular caminhos viáveis para a transformação do nosso presente.
Explorar futuros X-centric(os) e divergentes significa para nós experimentar com o tempo, espaço e política. Complicando o nosso tempo com temporalidades invisíveis, insurgentes e múltiplas que fissuram as camadas materiais da nossa história, reformulando narrativas históricas globais que incorporam processos de descolonização e justiça climática, nutrindo-nos enquanto comunidade, criando imagens desejáveis habitadas por realidades dissidentes e não-vistas que estão a surgir.
As atividades de investigação e disseminação incluíram o programa de debates mensais X-Centric Futures, uma série de seminários públicos organizados por Giovanbattista Tusa e Bartholomew Ryan, que tiveram lugar em 2022 nas Carpintarias de São Lázaro – Centro Cultural. Com a participação do coletivo artístico Claire Fontaine com Magical Materialism; a performance musical Green Mass: The Ecological Theology of St. Hildegard of Bingen de Michael Marder, Peter Schuback e Márcia Sá Cavalcante Schuback; a apresentação de Imbizo Ka Mafavuke de Uriel Orlow; e a projeção e discussão de After Scarcity and The Red City of the Planet Capitalism de Bahar Noorizadeh.
Em 2023, o ADVANCED PROGRAMME IN X-CENTRIC FUTURE STUDIES combinará seminários de investigação com workshops (em formato presencial e remoto), e um grupo de leitura conduzido por estudantes em Lisboa, com o objetivo de promover o crescimento de projetos, de investigação e artísticos, em movimentos sociais emergentes, constelações políticas futuras e comunidades x-centric(as).