Os filmes documentários apelam ao pensamento filosófico de uma forma particularmente desafiadora, pois não constituem obras de arte no sentido tradicional, isto é, como construções inteiramente criadas por um sujeito artístico. Em vez disso, combinam uma reivindicação específica de veracidade e adequação com a intervenção artística do cineasta. Assim, o filme documentário é, na própria constituição, uma expressão da “disputa entre poesia e filosofia”, sendo a primeira associada à arte, à invenção, à subjetividade e aos sentidos, e a última à busca da verdade, do modo como esta é descrita por Platão (ver LaRocca, 2017). A tensão inerente causada pela coexistência desses momentos de conflito é por vezes ocultada (como em muitas produções mainstream), noutras vezes enfatizada e transformada numa ferramenta crítica (como em muitas produções artísticas subversivas). Em qualquer caso, o filme documentário incita à reflexão sobre as complexas relações entre os factos objetivos e a sua mediação subjetiva, contribuindo para a problematização da produção de valores (éticos, políticos e de verdade) através dos media, ao mesmo tempo que nos confronta com o problema de encontrar uma forma artística adequada para revelar um conteúdo de verdade da realidade empírica. Este grupo de trabalho tem como objetivo investigar como os filmes documentários produzem, contestam, subvertem e questionam os valores políticos, epistemológicos e estéticos a vários níveis.
(artista, Malmö Art Academy, Suécia)
Gaëlle Boucand
(artista, L'isdaT Toulouse, França)
Margaux Dauby
(artista)
Marie Voignier
(artista, École nationale supérieure des beaux-arts de Lyon, França)
Nuno Lisboa
(co-diretor do Doc’s Kingdom)
Sara Magno
[Estudante de Doutoramento na The Lisbon Consortium / Universidade de Copenhaga (bolseira FCT)]
Susana de Sousa Dias
(PhD, Realizadora e Professora na Faculdade de Belas Artes, Lisboa)
Sven Seibel
(PhD, Universidade de Oldemburgo, Alemanha)
Tadeu Capistrano
(PhD, EBA | UfRJ, Rio de Janeiro, Brasil)
Uriel Orlow
(PhD, artista)