ArgLab
Projeto de Investigação
Valores em Discursos Argumentativos

O projeto aborda uma discrepância entre duas visões populares, embora aparentemente incompatíveis, a respeito do modo como argumentamos sobre valores. Por um lado, nas conversas quotidianas, é por vezes afirmado que não se pode discutir sobre preferências pessoais, visão refletida por provérbios como “cada um é como cada qual” ou “os gostos não se discutem”. Na literatura filosófica, chegou-se a afirmar que, quando duas pessoas discordam sobre questões de gosto, ambas podem estar certas —  cada uma à sua maneira, com base em critérios possivelmente diferentes. Esta posição foi chamada de “relativismo semântico” para separá-la das posições mais óbvias e menos controversas sobre a sensibilidade ao contexto dos predicados de valor. Por outro lado, dificilmente alguém negaria que se pode (e às vezes é preciso) argumentar sobre valores que vão além do gosto pessoal. Perguntas carregadas de valor como “quanto bem-estar o Estado deve garantir?” ou “quão segura deve ser esta central nuclear?” precisam de ser discutidas racionalmente. Alguns filósofos morais afirmam ter respostas objetivas e que, em caso algum, dificilmente estas podem ser apenas uma questão de gosto pessoal. Mas como podemos argumentar sobre tais questões de maneira racional, fornecendo razões e justificações bem formadas em vez de simplesmente tentar persuadir os outros, se a base das nossas avaliações são valores que uma pessoa pode aceitar e outra rejeitar? E como podem os pontos de vista individuais dos participantes de tal discurso ser caracterizados no que diz respeito aos valores? Os valores parecem desempenhar um papel crucial tanto na avaliação de quão ‘bom’ um argumento é, bem como em alguns tipos de argumentos em si mesmos.