ArgLab
Projeto de Investigação
Caminhos comunicativos para retificar injustiças epistémicas

A ideia de que agentes estão sujeitos a sofrer danos, e em alguns casos injustiças, de natureza marcadamente epistémica é cada vez mais amplamente aceite, pelo menos nos círculos académicos. O conceito de injustiça epistémica, em particular, continua a alimentar esforços descritivo-explicativos para identificar as diferentes formas sob as quais este fenómeno pode manifestar-se.


Contudo, reconhecer que danos e injustiças epistémicas podem ocorrer e de facto ocorrem não pode ser o ponto final da discussão. Por um lado, embora pelo menos algumas das dinâmicas sociais que sustentam várias manifestações de injustiças epistémicas tenham sido exploradas em certa profundidade, ainda há muito por compreender acerca das dinâmicas distintivamente comunicativas que causam, sustentam e amplificam os danos e injustiças epistémicas. Por outro lado, o reconhecimento da existência e persistência dessas dinâmicas e resultados prejudiciais torna ainda mais evidente o desafio de encontrar formas de os corrigir.


Os dois aspetos estão, naturalmente, relacionados: para enfrentar o desafio prescritivo de corrigir injustiças epistémicas precisamos de compreender tanto a natureza do dano, como as suas causas. Além disso, uma investigação adequada sobre ambas as questões deve estar ancorada numa reflexão normativa abrangente: precisamos de ter uma visão clara de como as coisas deveriam ser, para avaliar quão gravemente estão danificadas e como corrigi-las.


O presente projeto explorará o desafio multifacetado de corrigir injustiças epistémicas, recorrendo aos recursos conceptuais, corpos de conhecimento e perspetivas da epistemologia social e eticamente orientada, da filosofia social da linguagem e da filosofia política e moral contemporânea. A sua integração intencional de uma rica variedade de recursos conceptuais e quadros metodológicos reforçará ainda mais a robustez e a credibilidade das suas conclusões. No geral, contribuirá para aprofundar a nossa compreensão das vulnerabilidades, direitos, obrigações e limitações que definem a nossa agência epistémica.